'Meu coração não aguenta', diz avó de pernambucana trans que morreu após incêndio durante cirurgia em clínica de SP

"Meu coração não aguenta. [...] Ela disse ‘vó, eu vou colocar minha prótese e vou chegar abalando’, era uma realização pra ela". A fala foi de Maria José Muniz, avó de Lorena Muniz, mulher trans de 25 anos que viajou para São Paulo em busca do sonho de colocar silicone nos seios e teve a morte confirmada pelo Hospital das Clínicas da cidade nesta segunda-feira (22) 
Segundo o companheiro de Lorena, ela foi abandonada inconsciente durante incêndio na clínica onde realizava o procedimento na cidade de São Paulo, de onde foi socorrida para o HC, na quarta-feira (17). Ela ficou internada em estado grave após inalar muita fumaça, segundo a unidade de saúde.
Antes de seguir para São Paulo, em agosto de 2020, a jovem dividia uma casa em Fragoso, em Paulista, no Grande Recife, com o companheiro, Washington Barbosa, conhecido como Tom Negro, e com a família. Ao lado da casa, Lorena tinha um salão onde atuava como cabeleireira.
"Para ir para São Paulo, ela saiu vendendo as coisas do salão. O sonho da vida dela era colocar uma prótese. Ela disse que só iria se sentir mulher quando colocasse", contou a tia de Lorena, a massoterapeuta Rinalda Muniz.
A transexualidade de Lorena foi acolhida pela família. "A gente errava, às vezes, chamava [pelo nome de registro], mas sempre acolhemos. Minha avó nunca colocou para fora, sempre ficou aqui com a gente", disse o irmão de Lorena, Ricardo Muniz.
Durante o período longe de casa, a família afirmou sempre ter recebido notícias de Lorena. No dia 17 de fevereiro, a cabeleireira enviou uma última mensagem para a tia Rinalda, informando sobre a cirurgia. "Quando eu acordar eu falo", disse Lorena, no texto.
Ao saber da notícia sobre Lorena, a família fez o possível para tentar ir para São Paulo. "A mãe dela pediu um adiantamento à patroa para viajar", contou Rinalda.

Categoria:Noticias