Operação que prendeu Deolane: inquérito policial é concluído e começa a ser analisado pelo Ministério Público de Pernambuco

O inquérito policial da Operação Integration, em que foi presa a influenciadora Deolane Bezerra, foi concluído pela Polícia Civil e enviado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A investigação contra um esquema de lavagem de dinheiro através de jogos ilegais também resultou na prisão da mãe dela, Solange Bezerra, e do dono da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, entre outros suspeitos.

A informação foi divulgada pela polícia na tarde desta quarta-feira (18). Procurado pela TV Globo, o MPPE afirmou que o inquérito da Operação Integration é analisado pela 25ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Também nesta quarta-feira (18), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um novo pedido de liberdade feito pela defesa de Deolane Bezerra, que pediu a revogação da prisão preventiva ou a substituição por restrições a serem impostas pela Justiça, caso a preventiva não fosse revogada.

Presa no dia 4 de setembro, quando a Operação Integration foi deflagrada, Deolane Bezerra está em uma cela reservada no presídio de Buíque, no Agreste de Pernambuco, desde o dia 11 de setembro. Ela foi levada para uma penitenciária a 279 quilômetros do Recife após ter a prisão domiciliar revogada pela Justiça por causa do descumprimento de medidas cautelares.

Para converter a prisão domiciliar em preventiva, o Tribunal de Justiça de Pernambuco determinou que Deolane não poderia dar entrevistas nem se manifestar sobre o caso. No entanto, após colocar uma tornozeleira eletrônica e ser liberada da cadeia, a influenciadora falou com a imprensa e com fãs na saída da prisão (veja vídeo acima). Além disso, ela postou, no Instagram, uma foto com a boca coberta por uma fita com um "X" no meio.

 

A defesa de Deolane argumentou que, ao sair da Colônia Penal Feminina do Recife, a influenciadora disse às pessoas presentes que não poderia se manifestar, mas "o assédio a seu redor" era excessivo e, por isso, ela falou que se sentia injustiçada "sem direcionar a fala a qualquer pessoa".

Relembre a cronologia do caso:

 

Em julho deste ano, Deolane Bezerra abriu uma empresa de apostas, Zeroumbet, com capital de R$ 30 milhões.

Em 4 de setembro, a empresária e influenciadora digital foi presa na Operação Integration, deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$ 3 bilhões num esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar.

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da empresa dela por lavagem de dinheiro. Na delegacia, a influenciadora afirmou que a renda mensal dela é de R$ 1,5 milhão.

Além de Deolane Bezerra, foram presas mais de 10 pessoas suspeitas de integrar o esquema, incluindo o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, e a esposa dele, Maria Eduarda Filizola.

Em depoimento após ser presa, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões. Segundo a Polícia Civil, os pagamentos à vista pela compra e pela venda de carros de luxo feitas pela empresa e pelo empresário geraram indícios de que houve "lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas".

Ainda no dia 4, após a prisão, Deolane escreveu uma carta, publicada no Instagram, dizendo que está sofrendo "uma grande injustiça" e que ela e a família são vítimas de preconceito e lamentou a prisão da mãe.

Ainda de acordo com a polícia, a Justiça decretou o sequestro de bens de vários alvos, incluindo aeronaves e carros de luxo, e o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem bloqueados.

No dia 9 de setembro, Deolane deixou a cadeia no Recife após ser beneficiada com um habeas corpus. Ela ficaria em prisão domiciliar e teria que usar tornozeleira de monitoramento.

Antes mesmo de entrar no carro para ir embora, Deolane falou com a imprensa na frente do presídio: "Foi uma prisão criminosa, cheia de abuso de autoridade por parte do delegado. [...] Eu não posso falar sobre o processo. Eu fui calada".

Na noite de 9 de setembro, uma nova carta escrita por Deolane foi publicada no Instagram. "Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham certeza que não irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por vocês, sou inocente e não há uma prova sequer", disse no trecho final do manuscrito.

No dia 10 de setembro, Deolane teve a prisão domiciliar revogada, após o descumprimento das medidas cautelares de sua liberação, e seguiu para o presídio em Buíque, no Agreste de Pernambuco.

No dia 11 de setembro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco negou outro pedido de habeas corpus feito pela defesa de Deolane. O juiz alegou, entre outros motivos, "financiamento de manifestantes [para protestar contra a prisão dela] por iniciativa de familiares".

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