Deolane Bezerra tem novo pedido de habeas corpus negado; decisão aponta falta de cuidado com a filha
O Tribunal
de Justiça de Pernambuco (TJPE) negou um novo pedido de habeas corpus feito
pela defesa da influenciadora digital Deolane Bezerra, presa em operação que
investiga uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro proveniente de jogos
ilegais.
A
empresária, que teve a prisão domiciliar revogada após descumprir medidas
cautelares, segue detida na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste de
Pernambuco. Em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (11), o TJPE
decidiu que Deolane vai seguir presa preventivamente.
Segundo
informações apuradas, a negativa do novo pedido de habeas corpus foi publicada
na tarde desta quarta pelo relator do processo, o desembargador Eduardo
Guilliod Maranhão.
"Lastimo que a paciente [Deolane] não tenha tido para
com a sua filha a mesma prioridade, atenção e cuidado que a Justiça brasileira
teve, mas diante da gravidade dos fatos, tenho que agiu acertadamente a MM
Juíza quando decretou a prisão preventiva da paciente, medida que diante das
circunstâncias fáticas acima apresentadas se mostra totalmente proporcional",
diz o magistrado na decisão.
A
influenciadora havia sido beneficiada pelo artigo 318A do Código Penal e por um
habeas corpus coletivo concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de 2018,
que substitui a prisão preventiva por domiciliar de gestantes, lactantes e mães
de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência.
A decisão
judicial determinava, entre outras medidas, que Deolane não poderia se
manifestar por meio de redes sociais, imprensa ou outros meios de comunicação.
Após colocar
uma tornozeleira eletrônica e ser liberada na segunda-feira (9), Deolane
descumpriu medidas cautelares ao falar com a imprensa e com fãs que se
aglomeravam na saída da Colônia Penal Feminina, no Recife . Além disso, ela postou
uma foto no Instagram em que aparece com a boca coberta por uma fita, com a
inscrição de um "X" no meio.
"Vejo,
especialmente, como gravíssima a tentativa de mobilizar milhões de pessoas
contra uma investigação policial em curso, que procura apurar condutas que
podem estar na base de crimes de gigantesca monta contra o Estado e a
sociedade", considera o desembargador.
O magistrado
avalia ainda que essa "tentativa de mobilização da população" se
tornou mais evidente diante das notícias de que algumas pessoas estavam
recebendo dinheiro de parentes da influenciadora para fazer manifestações em
frente ao presídio
"O
financiamento de manifestantes, por iniciativa de familiares da paciente
[Deolane], para se aglomerarem diante da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom
Pastor) e realizarem protesto, demonstra a total inconveniência da permanência
da paciente em suas instalações, justificando o seu encarceramento em
Buíque", afirma o desembargador.
Para
resguardar sua integridade física, Deolane está em uma cela reservada no
presídio de Buíque, segundo nota da Secretaria de Administração Penitenciária e
Ressocialização de Pernambuco (Seap-PE).
A cronologia
do caso Deolane
Em julho
deste ano, Deolane Bezerra abriu uma empresa de apostas, Zeroumbet, com capital
de R$ 30 milhões.
Em 4 de
setembro, a empresária e influenciadora digital foi presa na Operação
Integration, deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$
3 bilhões num esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar.
A Justiça
determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da empresa
dela por lavagem de dinheiro. Na delegacia, a influenciadora afirmou que a
renda mensal dela é de R$ 1,5 milhão.
Além de
Deolane Bezerra, foram presas mais de 10 pessoas suspeitas de integrar o
esquema, incluindo o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de
apostas Esportes da Sorte, e a esposa dele, Maria Eduarda Filizola.
Em
depoimento após ser presa, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo de
Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões. Segundo a Polícia Civil, os
pagamentos à vista pela compra e pela venda de carros de luxo feitas pela
empresa e pelo empresário geraram indícios de que houve "lavagem de
dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas".
Ainda no dia
4, após a prisão, Deolane escreveu uma carta, publicada no Instagram, dizendo
que está sofrendo "uma grande injustiça" e que ela e a família são
vítimas de preconceito e lamentou a prisão da mãe.
Ainda de
acordo com a polícia, a Justiça decretou o sequestro de bens de vários alvos,
incluindo aeronaves e carros de luxo, e o bloqueio de ativos financeiros no
valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem
bloqueados.
No dia 9 de
setembro, Deolane deixou a cadeia no Recife após ser beneficiada com um habeas
corpus. Ela ficaria em prisão domiciliar e teria que usar tornozeleira de
monitoramento.
Antes mesmo
de entrar no carro para ir embora, Deolane falou com a imprensa na frente do
presídio: "Foi uma prisão criminosa, cheia de abuso de autoridade por
parte do delegado. [...] Eu não posso falar sobre o processo. Eu fui
calada"
Na noite de
9 de setembro, uma nova carta escrita por Deolane foi publicada no Instagram.
"Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham certeza que não
irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por vocês, sou
inocente e não há uma prova sequer", disse no trecho final do manuscrito.
No dia 10 de
setembro , Deolane teve a prisão domiciliar revogada, após o descumprimento das
medidas cautelares de sua liberação.