Dono de loja é denunciado por ameaçar demitir funcionários caso seu candidato perca eleição e assina acordo com o MPT

O dono de uma loja de móveis em Bezerros, no Agreste, ameaçou demitir funcionários caso o candidato à presidência opositor ao seu seja eleito no segundo turno das eleições, no domingo (30), segundo denúncia recebida pelo Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT).

De acordo com o MPT, a Loja Wellington Móveis firmou um termo de ajuste de conduta (TAC), que pode gerar multa caso não seja cumprido. Não foi divulgado qual candidato era apoiado pelo dono do estabelecimento.

A denúncia diz que o proprietário da loja enviou um áudio aos trabalhadores "onde deixa claro que, caso o candidato opositor ao seu ganhe, haverá demissões".

Em menos de uma semana, as denúncias de assédio eleitoral em Pernambuco subiram de 20 para 34, segundo o último balanço divulgado pelo MPT, nesta quinta. No Brasil, foram feitas até agora mais de 1.700 denúncias do tipo.

"Até o primeiro turno eram 200 denúncias no Brasil. Agora já são mais de 1.700, o que tem alarmado todas as autoridades. É importante dizer para a população que esses inquéritos vão continuar abertos depois da eleição. Porque a gente vai acompanhar se esse assédio gerou alguma repercussão trabalhista", afirmou a procuradora do Trabalho, Débora Tito.

No termo, a loja se comprometeu a não praticar assédio e coação eleitoral contra seus funcionários, a não realizar qualquer promessa de concessão de benefício ou vantagem em troca de voto e a providenciar a confecção de cartazes sobre o tema assédio eleitoral no ambiente de trabalho, além de fixar em local visível no estabelecimento, até o final do período eleitoral.

A empresa também se comprometeu a realizar retratação aos empregados que foram ameaçados e fornecer gratuitamente, sempre quando solicitado, cópia do TAC aos trabalhadores.

Em caso de descumprimento do acordo, a loja terá que pagar uma multa de R$ 2 mil por cada infração, acrescida de R$500 por cada trabalhador, a cada constatação.

Assédio eleitoral

Assédio ou coação eleitoral no trabalho ocorre quando o funcionário, no ambiente de trabalho, ou em situações relacionadas se sente intimidado, ameaçado, humilhado ou constrangido por um empregador ou colega de trabalho que age com o objetivo de influenciar ou manipular o voto, manifestação política, apoio ou orientação política.

Situações como essa também costumam atingir terceirizados, estagiários, aprendizes, candidatos a emprego, voluntários, fornecedores, entre outros

Denúncias de assédio eleitoral podem ser registradas no site do Ministério Público do Trabalho (MPT), (mpt.mp.br), no botão Denuncie, ou pelo aplicativo "Pardal", disponível para Android e iOS. A denúncia pode ser sigilosa.

 

Audiência pública

O MPT em Pernambuco e o Ministério Público Eleitoral (MPE) realizaram nesta quinta uma audiência pública sobre o aumento de casos de assédio eleitoral, na sede do MPT em Pernambuco, no bairro do Espinheiro. Os órgãos solicitaram informações sobre as denúncias da prática de assédio eleitoral.

Das cerca de 26 instituições, dentre empresas, sindicatos laborais e patronais e entidades setoriais notificadas a comparecer, apenas 14 participaram.

Se no âmbito pedagógico a gente já não teve a devida presença, isso traz um alerta de que as pessoas não estão dando a devida seriedade nesse ambiente polarizado. Hoje foi pedagógico, mas esses inquéritos continuarão e a gente vai apurar, inclusive no dia da eleição", disse Débora Tito.

Também participaram da audiência representantes da Polícia Federal (PF), Superintendência Regional do Trabalho em Pernambuco (SRTb/PE).

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