Marília Arraes e Raquel Lyra frente a frente no último debate antes das eleições de domingo (30)
As
candidatas ao Governo de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel
Lyra (PSDB) participaram na noite deste quinta-feira (27) do último debate
antes das eleições do próximo domingo (30).
O confronto,
promovido pela TV Globo, começou às 22h, depois da novela Travessia. Foi o
sexto deste segundo turno e contou com a mediação do apresentador Márcio
Bonfim. Foram quatro blocos: dois com temas livres e dois com temas
determinados.
Os cinco
anteriores foram marcados por mais ataques que propostas.
Tema
livre. 15 minutos para cada e o tema livre
A candidata
Raquel Lyra foi a primeira a se apresentar, usou dois minutos. Agradeceu a
todos pelo carinho. Disse que Pernambuco quer mudar. Apresentou-se como a
candidata da mudança de verdade. "A outra é a continuidade do que está
aí". Disse ter andado nos últimos dias do Litoral ao Sertão. Fez a Marília
uma pergunta sobre o que ela fará para melhorar o saneamento básico para que
haja mais qualidade de vida.
Marília se
apresentou, lembrando que no primeiro turno teve muitas candidaturas. Foi
atípico. "Temos dois projetos em jogo: não dá pra ficar em cima do muro.
Não dá pra repetir uma mentira mil vezes" Provocou a adversário ao dizer
que ela não tem coragem de dizer que é a candidata de Bolsonaro. Disse que no
Nordeste o maior problema é a falta de prioridade e assegurou que vai fazer
política para quem precisa de verdade. Criticou a ex-prefeita de Caruaru,
dizendo que a cidade não é a ilha da fantasia mostrada por Raquel. "Parece
a síndrome da Pollyanna. O mundo se acabando e ela se pegando a detalhes".
Marília citou o presidente Lula e lembrou que hoje é o aniversário dele. Mandou
parabéns. Não é possível deixar o bolsonarismo tomar conta de Pernambuco. Lula
vai ajudar no Estado. Usou cinco dos 15 minutos por que você tem vergonha de
dizer que é candidata de Bolsonaro
"Aqui
não é briga na cozinha da tua casa. Não sou teu primo", atacou Raquel
sobre a briga de Marília com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Disse que
parentes de Marília tem vários cargos no Governo do Estado. E garantiu que a
Compesa vai funcionar. Prometeu resolver com adutoras e obras inacabadas.
Antecipar os prazos da PPP da Compesa. Não vai descansar enquanto não resolver.
Ela não respondeu a pergunta do saneamento e eu vou fazer outra sobre saúde
pública. Qual é seu plano para melhorar a saúde pública?
Marília
cobrou respeito à família dela. E fez questão de explicar as inserções tiradas
do ar: "A gente perguntava: será que ela é Bolsonaro? Todo mundo de
Bolsonaro está ao lado dela. Querem formar uma trincheira anti-Lula". A
candidata se voltou para a questão de saneamento e declarou ser um serviço que
não se faz sozinho. E disse que ia falar da família de Raquel, mas falar de
bem. Citou o tio de Raquel Fernando Lyra, ex-ministro da Justiça. "Seu tio
sempre teve lado você está tendo atitude oportunista. Você sabe de que lado
estou. Para saúde, temos um plano específico de restaurar o que já existe. Em
relação às mulheres há projetos específicos, anunciou, pedindo que acompanhem
as propostas pelas redes sociais.
Raquel
alfinetou, dizendo que a candidata não explica como vai fazer saneamento e fala
por alto sobre saúde pública. "Onde ela enxerga lulistas e bolsonaristas,
eu vejo pernambucanos". Raquel listou as propostas que têm para saúde,
entre elas a de garantir apoio aos municípios para as ações locais. Estarei
pedindo a qualquer presidente que esteja lá. Falamos de saúde, saneamento e
citou habitação.
"Pode
até pedir a Bolsonaro, mas ele não vai dar", disparou a candidata do Solidariedade.
Segundo Marília, o presidente não quer que Pernambuco se desenvolva. "Você
pode até pedir ao seu presidente, mas ele não vai dar", declarou. E
aproveitou para questionar sobre o transporte público.
Campanha da
mentira, de quem inventa muitas histórias. Falou de transporte e de habitação.
Disse que vai tomar de conta do metrô. Lembrou que Paulo Câmara passou por três
presidentes da República. Afirmou que haverá tarifa única, requalificação dos
terminais. Capacidade de tirar projetos do papel. Ela tem pouco a dizer sobre o
que vai fazer. Eu quero saber o que a senhora vai fazer para os deficientes.
Ela
desmontou a coordenadoria de deficientes quando chegou a Caruaru. Um dia antes
de o pai de Raquel assumir o Governo instituiu que a empresa dele prestasse
serviços a todo o Estado. Há conflito de interesse. Não há como mudar. Informou
que desde adolescente defende bilhete único, desde que era vereadora do Recife.
Por que a passagem em Caruaru é mais cara que a do Recife?
Uma vez atrás
da outra ela traz mentiras. Meu pai é dono de empresa de ônibus, maldade a sua.
O transporte não é metropolitano. Vamos garantir atendimento precoce,
descentralização dos serviços para deficientes.
Marília
cobrou porque Raquel não explicou por que a passagem em Caruaru é mais cara que
no Recife. E diz que ela não explicou por que a família dela tem o monopólio.
Tema
determinado: Educação e Mulheres
No segundo
bloco, as candidatas responderam a perguntas específicas. Foram 6 temas e elas
tiveram que escolher 4 temas. Quem iniciou a nova fase foi a candidata Raquel
Lyra, que iniciou falando sobre educação. Marília propôs ajuda entre entes
federativos para o aumento da vaga de creches no Estado. De acordo com a
candidata do Solidariedade, é necessário ter um trabalho do Estado com os
municípios e a União. Além disso, enviar um projeto para levar 60% das escolas
do Ensino Fundamental para o sistema integral de ensino. "Cada município
terá sua particularidade respeitada", afirmou.
Por sua vez,
Raquel, ao falar sobre o número de vagas de creches, detalhou a sua ideia para
o tema. "Minha proposta é que o Governo do Estado construa no município e
mantê-la por um ano", disse. Ela garantiu, ainda, que adquiriu experiência
na construção ao citar gastos na construção de creches. A tucana também citou a
entrada do Ensino Fundamental no sistema integral, ao prometer 40% das crianças
do Estado. Para ela, o professor é parte fundamental na educação.
O próximo
tópico escolhido foi a situação das mulheres do Estado. Marília perguntou sobre
a situação da maternidade de Caruaru, construída sob o governo de Raquel. Em
resposta, a tucana disse que viajou várias vezes a Brasília para tentar tirar
do papel e provocou a sua rival. "Eu queria ver o projeto da maternidade,
pois ele não existia", disse. Ela disse ainda que uma das suas propostas é
a construção de cinco novas maternidades no Estado e que vai captar recursos
com a União.
Perguntada
sobre a construção de maternidades no Estado, Marília disse que não "está
para brincar com Pernambuco" e que "não dá para chegar com discurso
decorado". Ela disse ainda que vai garantir que recupere alguns hospitais
que já existem no Estado para serem transformados em maternidades. "Pernambuco
tem muita coisa abandonada", criticou.
No
terceiro bloco as candidatas têm cada uma, mais 15 minutso para temas livres
Marília
alegou que nomes do governo Paulo Câmara, como o ex-secretário de Turismo
Rodrigo Novaes está ao lado de Raquel com promessas inclusive de ficar no
cargo. Dirigiu à adversária pergunta sobre o Pacto pela Vida.
Raquel
reagiu dizendo que André de Paula (candidato ao Senado) e Sebastião Oliveira (candidato
a vice, ambos na chapa de Marília) são nomes que foram ligados ao governador. E
sobre a segurança aproveitou para listar ações na Capital do Agreste. Citou o
Juntos pela Segurança. Investimentos na tropa, concurso permanente,
reestruturação da Polícia Cientifica, estancar a violência. E questionou como
Marília, aliada de Paulo Câmara, faria diferente.
A neta do
ex-governador Miguel Arraes disse ser preciso reconhecer que o Pacto pela Vida
deu certo, e que deixou de funcionar quando passou para as mãos do pai de
Raquel, João Lyra Neto. Informou que vai reestruturar o Pacto, mudar a
estrutura da SDS e disse que as polícias vão despachar diretamente com a
governadora. Anunciou que vai integrar as polícias à Guarda Municipal. E
reforçou o combate ao feminicídio. "Tolerância zero para o agressor",
disse. Também citou os presídios e o crime organizado, alertando que é preciso
ter coragem. "Mas a minha adversária não tem coragem nem de assumir quem é
seu presidente", retrucou. Marília aproveitou para dizer que Bolsonaro
incita a violência e não dá para falar em combater e questionou sobre o Biesp.
"É
claro que todo batalhão de polícia é importante", pontuou Raquel e depois
falou sobre corrupção. Contou sete operações da Polícia Federal contra o
Governo Paulo Câmara. Ressaltou o papel importante da sua candidata a vice,
Priscila Krause. "Enquanto isso, seu candidato a vice foi alvo de operação
que investigava desvio de verba". E perguntou qual
Marília
chamou Raquel de Irresponsável e leviana ao falar de Sebastião (Oliveira).
"É uma pessoa do bem e foi secretário na mesma época em que você estava no
Governo. Não vou ficar competindo quem foi mais oposição: eu ou Priscila."
E destacou que a candidata a vice é a favor de Bolsonaro, enquanto ela
(Marília) sempre trabalhou em defesa dos professores. Declarou que as pessoas
que estão ao lado dela (de Raquel) querem fechar o Congresso e são antidemocráticas.
"Não adianta me colar com Paulo Câmara. Porque estou ao lado de Lula"
Raquel
reforçou a pergunta sobre o combate à corrupção. E Marília disse que existe um
projeto de transparência para governar. A ex-prefeita de Caruaru disse que foi
destaque e teve reconhecimento da ONU de gestão eficiente do recurso público.
"Dinheiro público é sagrado", enfatizou. Mandou beijo para Priscila e
disse que estão do lado certo: o lado sério. Falta transparência nos dados da
economia, do orçamento e também nos números da violência. "Vamos dar
transparência. Para que o cidadão comum acompanhe o governo” E instigou Marília
a explicar como vai tratar o Sassepe, o plano de saúde dos servidores públicos
do Estado.
Antes de
responder sobre o Sassepe, Marília perguntou a Raquel se ela acha que o Governo
Bolsonaro é corrupto ou não "Se tiver corrupção, merece ser punida. Diga a
senhora onde a senhora quer chegar", irritou-se Raquel, alegando que
"a senhora vai ficar com suas perguntas". Marília declarou que não
vai apenas recuperar o Sassepe, mas valorizar os servidores e requalificar os
serviços. Vou mudar de assunto, disse Raquel, querendo saber qual a proposta de
desenvolvimento para o Sertão de Itaparica.
A tucana
criticou a nacionalização do debate colocada por Marília. "Não seja
leviana de colocar palavras na minha boca. Quem praticou corrupção deve ser
punido, em qualquer governo, onde quer que seja. O debate presidencial é
amanhã", alfinetou.
Tema
determinado: Violência e Energia Renovável
O primeiro
tema foi violência. Marília perguntou sobre as propostas sobre como os jovens
podem ter mais perspectiva. Raquel começou falando sobre suas ações em Caruaru.
Segundo ela, foi lançado um plano de governo para combater a criminalidade na
cidade do Agreste pernambucano. "(Queremos) garantir que os jovens tenham
voz e vez (...) como a gente fez no Morro do Bom Jesus", disse a tucana.
Ela disse que irá coordenar pessoalmente o programa Juntos pela Segurança em
todo o Estado.
Marília
Arraes criticou a gestão de Raquel enquanto ela foi prefeita de Caruaru e
secretária da Juventude ainda no governo Eduardo Campos. "É muito triste
ver a candidata ver uma insensibilidade. (...) Uma líder de verdade não vive de
justificativa" afirmou. Marília aproveitou para citar o caso de uma
rebelião em uma unidade da Funase. Em sua defesa, Raquel disse que nunca
assumiu a unidade prisional enquanto gestora.
Raquel
lembrou ainda os tempos que Marília foi secretária na Prefeitura do Recife.
"A diferença entre quem faz e quem só fala está posta", disse. Em
resposta, Marília disse que não teve orçamento na pasta e citou obras, como
reformas nas escolas e regularização na classe dos professores.
No último
tema, foi falado sobre energia renovável. Raquel perguntou sobre as propostas
de Marília e mudança da matriz energética no Estado. Marília afirmou que uma de
suas propostas é levar gás natural até o Sertão do Estado. "Há um
desmatamento enorme, pois no polo gesseiro ainda funciona à base de
lenha", disse a candidata do Solidariedade. Raquel falou sobre suas ideias
para o tema, como investimentos na área. "Podemos fazer de Pernambuco um
modelo de estado que vende a matriz verde para o mundo inteiro", disse.
Ao final do tema,
Marília e Raquel ficaram discutindo sobre as sanções de acordo com a política
ambiental do governo federal e sobre investimento em proteína animal.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Marília
Arraes (Solidariedade)
"Queria
agradecer a Deus a oportunidade estar aqui em uma campanha atípica, pois
vivemos um momento de violência política no Brasil. Me considero muito sublime,
pois enfrentei diversos obstáculos nas eleições. Esta resistência é por ela e
para todos os filhos que estão assistindo. Quero falar sobre o eleitor de Lula:
reflita bem sobre o projeto que está em jogo em Pernambuco. Se vai se criar um
núcleo de resistência bolsonarista ou se vamos ter um que priorize o povo.
Vocês sabem que não sou continuidade. No primeiro turno, houve mais de 270 mil
votos no 13 e 80 mil para 70. Meu número é 77".
Raquel
Lyra (PSDB)
"Quero
agradecer à Rede Globo e a todos os trabalhadores. A você que está assistindo
até esta hora para ouvir sobre o futuro do Estado. Venho até aqui para falar
sobre uma escolha que vai definir o futuro de Pernambuco nos próximos quatro
anos. Domingo Pernambuco vai escolher se fica com o mesmo grupo que está no
poder e que tem deixado um legado muito ruim para o nosso Estado ou se aposta
em um novo caminho. Caminhei Pernambuco inteiro e consegui estar firme por ter
recebido seu carinho e apoio. Estou aqui para ser o instrumento da
transformação que o Estado precisa. Fui a prefeita que mudou Caruaru, mas não
fiz sozinha. Transformei em uma cidade muito melhor para se viver. Colocamos a
cidade de pé. O que a gente precisa em Pernambuco é ter um governo capaz de
unir o nosso Estado e de tirar sonhos do papel. Meu número é 45".