Suspeito de matar duas jovens em Glória do Goitá se entregou após negociações entre parentes e policiais

O homem suspeito de assassinar duas jovens em Glória do Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco, se entregou à polícia após negociações dos parentes dele com policiais. A prisão de Edson Cândido Ribeiro, de 35 anos, ocorreu nesta segunda-feira (7), o oitavo dia de buscas.

Ele estava escondido em uma área de mata fechada e era procurado desde o dia 31 de janeiro. A polícia cumpriu o mandado de prisão expedido por causa do estupro e assassinato a facadas de Jailma da Silva, de 19 anos, e do homicídio de Kauany Marques, de 18 anos, que teve o corpo encontrado em um bueiro da cidade.

Edson foi encontrado em uma casa de familiares em Vitória de Santo Antão, na mesma região, por volta do meio-dia desta segunda. O local fica a cerca de 20 quilômetros do Centro de Glória do Goitá, onde ocorreram os crimes.

Segundo o delegado Bruno Vital, um dos responsáveis pelas buscas de Edson, o suspeito foi forçado a se entregar. "Não houve outra alternativa”, afirmou.

Os detalhes da captura de Edson foram repassados à imprensa durante uma entrevista coletiva realizada por integrantes das polícias Civil e Militar, em Caruaru, no Agreste do estado.

Com o cumprimento do mandado de prisão, ele seguiu para a delegacia e depois passou por exame de corpo de delito e foi levado para o Presídio Juiz Plácido de Souza, também em Caruaru.

Uma das estratégias usadas para a polícia para fazer Edson se entregar foi reforçar as buscas, a cada, dia, deixando-o cada vez mais acuado. Houve um revezamento de equipes das polícias para não permitir que ele descansasse.

Guilherme Mesquita, delegado seccional de Vitória de Santo Antão, afirmou que família não deu abrigo a Edson. Ele ficou no meio do mato e levou a polícia a pensar em formas para tirá-lo de lá.

“Nós negociamos com os familiares para que ele se apresentasse, mostrando que seria a melhor opção”, disse.

O delegado disse, ainda, que a estratégia era fazer ele se cansar. “A gente sabia que ele tinha outros parentes em outras cidades. A ideia era forçar ele a sair do ambiente dele e se sentir mais vulnerável”, declarou.

A polícia também afirmou que Edson tinha a consciência de que seria mais complicado tentar sair da área de mata sem se entregar. A PM mobilizou, nas últimas horas de buscas, 120 agentes de batalhões especializados, como canil e tropas acostumadas a atuar em áreas de mata fechada.

Além de parentes de Edson, representantes da Defensoria Pública de Pernambuco também participaram das negociações para que ele se entregasse aos policiais. A mãe dele disse, na semana passada, que gostaria que ele fizesse isso.

A polícia informou, ainda, que garantiu a integridade física de Edson. O receio do suspeito de que isso não acontecesse foi relatado pelo advogado dele, Rafael Torres, na manhã desta segunda-feira (7), horas antes da prisão do acusado.

Crime

Segundo a polícia, a morte de Jailma aconteceu na segunda (31), no Sítio Cueiras, na zona rural de Glória do Goitá. Kauany desapareceu no sábado (29) e o corpo foi achado na terça (1º), na área urbana do município.

Desde o dia da morte de Jailma, a polícia montou uma operação para procurar Edson. Foram usados drones, helicóptero, carros e motos das polícias, além de câmeras com sensores de calor, com capacidade de detectar movimento no meio de matagal fechado.

No domingo (6), equipes do helicóptero da Secretaria Defesa Social (SDS) avistaram Edson, por três vezes. Ele estava no meio da mata, com um facão na mão e sem camisa.

 

Também no domingo, parentes e amigos de Jailma participaram da missa de sétimo dia. Kauany também foi lembrada na celebração. A cidade, de cerca de 30 mil habitantes, teve a rotina alterada perlas ações policiais.

A polícia também investiga se é Edson quem aparece em um vídeo de câmeras de segurança perseguindo uma mulher na madrugada do dia 31 de janeiro. A empregada doméstica Marinalva Santos conseguiu fugir e registrou queixa na delegacia.

 

Histórico

Edson Cândido ficou preso por mais de 13 anos. Ele cometeu crimes em duas cidades da região, segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O histórico de condenações do suspeito aponta que, em 15 de setembro de 2014, ele foi sentenciado pela Vara Única da Comarca de Pombos no processo por estupro e roubo.

Nesse caso, Edson pegou pena total de 13 anos e cinco meses de reclusão e 60 dias multa, para ser cumprido em regime inicial fechado. Pelo estupro, ele pegou uma pena de nove anos de reclusão. Por causa do roubo, a penalidade chegou a quatro anos e cinco meses de reclusão e 60 dias de multa.

De acordo com o TJPE, ele não teve direito a recorrer em liberdade, porque já estava preso, cumprindo pena por outro processo.

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