Após queda de rocha em Capitólio, governo identifica cerca de '500 áreas em risco iminente', diz ministro
Após o
chocante acidente do Capitólio, em Minas Gerais, que deixou 10 pessoas mortas,
as investigações têm um objetivo ainda maior do que apenas identificar
culpados: prevenir novos desastres. O turismo de aventura sem fiscalização pode
ser muito perigoso, então municípios, estados e o governo federal já estão
colocando em prática medidas e inspeções. No entanto, não há lei que obrigue os
estudos de risco ou vistorias em áreas remotas, onde ficam os cânions.
Segundo
revelou o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, o Serviço Geológico do
Brasil, empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, identificou
500 áreas onde há risco.
“Já vamos
disponibilizar 500 áreas em risco iminente. Quero fazer isso o mais rápido
possível, para ontem. Para que a gente possa cada vez mais oferecer mais
segurança ao turista, envolver os estados e municípios, que são lá na ponta, na
capilaridade.”
— Ministro
do Turismo, Gilson Machado Neto
Pela lei, as
inspeções e estudos de risco só precisam ser realizados em áreas urbanas. Em
locais remotos, onde ficam os cânions, falésias, cavernas e cachoeiras, ficam
de fora da obrigatoriedade, mas especialistas são categóricos: esse
monitoramento das regiões rurais e turísticas são fundamentais para prevenir
acidentes naturais como o de Capitólio.
Chapada dos Veadeiros, em Goiás, é exemplo
A geóloga da Universidade Federal de Goiás, Joana Paula Sánchez,
liderou estudos no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e, juntamente da
equipe, indicou intervenções e interdições em algumas formações geológicas. Ela
executa o mapeamento no local desde 2016.
"A primeira vez que a gente fez uma avaliação foi no
Mirante do Carrossel, que é um atrativo muito famoso onde existe um mirante.
Ele é apoiado em duas rochas, o que para um leigo seria muito coesa e grande.
Mas quando a gente desceu para mapear, elas estavam apoiadas em uma camadinha
de 10 cm de argila", destaca Joana.
Ela explica que várias cachoeiras e cânions correm riscos, mas
que o perigo depende do tipo de rocha, já que algumas se degradam mais do que
outras. Ela também recomenda que os estudos sejam feitos uma vez por ano, após
o período de chuvas.
Piauí e Sergipe agilizam inspeções
O
acidente em Capitólio acendeu o alerta em estados e municípios com destinos
turísticos semelhantes, como o Piauí e o Sergipe, que abrigam, respectivamente,
o Cânion do Rio Poti e os Cânions do Xingó. A Secretaria do Meio Ambiente do
Piauí fechou o local para visitação nessa época de chuvas para uma inspeção e
espera gerar um relatório em até duas semanas.
Já para os Cânions do Xingó, área de conservação federal de
responsabilidade do ICMBio entre os estados de Sergipe e Alagoas, foi formado
um grupo com universidades da região, prefeituras e governos estaduais. O
grupo, que conta com geógrafos e geólogos, irá fazer um estudo para delimitar
margens de segurança para mitigar riscos na região.